“Este é o propósito que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?” Isaías 14.26-27
Na analogia desta reflexão, e todas as analogias são imperfeitas mas de certa forma pedagógicas, o autor senta-se para escrever seu livro.
Antes de escrever seu livro, ele já tem o esboço dele todo na sua mente, e já sabe exatamente que caminho dará para a sua história e para os seus personagens.
O livro vai se iniciando e nele nos deparamos com o personagem Tiago e o personagem Judas.
Nesta suposta história, Tiago é um enganador que vive desregradamente sem medida.
Em algum momento de sua vida, Tiago encontra-se com Deus e muda.
Numa outra linha da narrativa, Judas vai por um caminho de perversidade e nele permanece.
O autor ao final do livro resolve absolver Tiago e dar final feliz ao seu personagem.
O autor resolve igualmente ao final do livro, fazer com que Judas caia em desgraça, seja julgado e pague pelas perversidades que fez.
Voltando para a analogia, façamos algumas perguntas:
– Quando Tiago se encontrou com Deus e resolveu mudar, quem realmente escolheu mudar? Foi Tiago? Ou foi o autor que fez com que ele mudasse?
– Durante a história, as escolhas que Tiago fez foram realmente suas, ou foram do autor? Pode-se dizer que pela perspectiva da história, Tiago não fez as escolhas que fez?
– Quando Tiago se arrependeu, ele o fez independente do autor? Pode um personagem de um livro se rebelar contra seu escritor e dar destino diferente para si, daquele que o autor datilografa na sua máquina de escrever? Quando é que um personagem poderá argumentar com seu autor?
– Judas ao final do livro foi julgado e colocado para que pagasse pelas maldades feitas. Caso o autor reservasse um final feliz para Judas, mesmo sem arrependimento por parte dele, não ficariam frustrados os leitores de que o autor teria se equivocado ao final do livro? Não teriam dito os leitores “Que absurdo, deixar este Judas impune… isto não é justo!”?
Minha cara filha, quando leres estas palavras no futuro, saiba que esta analogia eu escrevi para que não te revoltes quando aprenderes ou leres sobre a Soberania do nosso Deus.
O livro é o Decreto de Deus para o homem e tudo o que foi criado.
O autor é Deus.
Os personagens somos nós os que fazemos parte do Decreto de Deus.
A história é a própria história da humanidade.
Deus não é injusto quando cria um pecador, assim como o autor não é injusto quando criou o personagem Judas.
“O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” Provérbios 16.4
Deus não é injusto quando decide que uma pessoa encontrará arrependimento, e outra pessoa não o encontrará, assim como o autor não é injusto quando coloca Tiago num caminho de redenção e Judas num caminho de perdição.
“E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.” João 6.65
Deus não é injusto quando dá final feliz para os seus eleitos, nem é injusto quando endurece o coração do ímpio para que se perca, assim como o autor não é injusto quando faz com que Tiago caia em si, e faz com que Judas persista na malignidade.
“Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” Romanos 9.18
Nós não conseguimos questionar a Deus e seus decretos, assim como nenhum personagem poderá jamais questionar o que o autor escreve ou coloca no seu livro.
“Mas, ó homem, quem és tu que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” Romanos 9.20
Sendo autor, Deus faz do seu livro o que bem desejar.
“Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” Romanos 9.21
Esta verdade é bíblica!
Do ponto de vista dos personagens eles têm livre-arbítrio e fazem o que bem entendem, mas do ponto de vista do autor, os personagens não tem livre-arbítrio pois fazem somente o que o autor escreve para que façam.
Alguns se enojarão desta verdade bíblica, e dirão “Que absurdo!” e ficarão cada vez mais endurecidos nos seus próprios corações.
Outros, ao se depararem com esta verdade, serão eternamente gratos ao Autor que (sem que eles saibam explicar o porquê) os fez para honra, e não para condenação, e se alegrarão nos seus íntimos, não pela sua própria capacidade, mas pela inexplicável escolha do Autor.
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.” Romanos 8.33
Fonte: Reflexões Reformadas