Deus tem múltiplas e infinitas formas, e todas criativas, de fazer chegar o Seu Evangelho aos Seus eleitos. No meu caso, o entendimento do Evangelho foi por caminhos inesperados para mim.
Me considero hoje, um ex-arminiano que foi nocauteado pelo Evangelho reformado.
Tudo começou com um grande amigo meu, que trabalhava comigo, onde fazíamos juntos caminhadas pela empresa nos horários de folga e conversávamos de tudo, e depois de um tempo ele me conhecia relativamente bem.
Um dia de pronto, ele me perguntou ao cruzar pelo corredor: “… meu caro, como está a tua vida espiritual?”.
Naquele dia eu estava na “carne”, quase que no “osso”, e lhe disse: “… olha colega, francamente eu só não apostatei ainda porque eu sei que não existe outro caminho, mas a minha vida espiritual está naquela gangorra de altos e baixos que eu não aguento mais…”
Ele disse então: “… então tu precisas ler um livrinho que eu li recentemente, que inverte tudo, e coloca a responsabilidade da nossa salvação em Deus e não em nós, dá uma lida e veja se tu entendes outra coisa, ou se é isto mesmo que eu entendi.”
Naturalmente cético, pedi que me trouxesse o livro, e o li.
A leitura deste livro me “desviou” dos caminhos sinergistas.
E o interessante é que o autor era sinergista.
Neste livro aprendi o “Evangelho da Graça”.
Deus salva gratuitamente a quem ele quer.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” Efésios 2.8
O livrinho era “A vida que vence” de Watchman Nee.
Incrível que quando limitados por um paradigma lemos as Escrituras muitas vezes, e sempre entendemos da mesma maneira, ou seja, da maneira que queremos entender, ou da maneira que o nosso contexto permite que se entenda.
Este pequeno livro quebrou este paradigma em mim.
Passei a meditar o tempo todo sobre Graça, tipo assim: “… mas Ele que me deu de graça… … mas Ele que pela Graça me salvou… … mas isto não veio de mim, veio Dele… … então por que Ele não dá a Graça para todos?” e assim por diante.
Li muito Watchman Nee nesta época, e acabei retendo como prediletos os ensinos dos primeiros 3 ou 4 capítulos do livro “A vida cristã normal”, que de certa forma sintetizavam o Evangelho da Graça.
Do “Evangelho da Graça” para o “Evangelho da Eleição” foi um pulinho.
Depois de tanto remoer o assunto eu cheguei a conclusão que se Deus não tivesse me salvado pela Graça e me alcançado por ela, eu nunca teria crido para salvação, então conclui, como Deus não dá a Graça a todas as pessoas, de alguma forma havia uma escolha da parte Dele.
“Coincidentemente” recebi nesta época um outro pequeno livrinho.
De livrinho em livrinho, Deus parece que foi descontruindo todo o paradigma que o sinergismo tinha construído na minha forma de ler as Escrituras.
Que livro… que mensagem… lá estava eu cada vez mais “desviado”, cada vez mais encantado com o poder do Evangelho de resgatar pecadores incapazes de crer.
Neste livro aprendi o “Evangelho da Eleição”.
Deus elege pecadores para salvar, segundo a Sua escolha, e isto antes da fundação do mundo.
“… antes participa das aflições do evangelho segundo o PODER DE DEUS, que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que NOS FOI DADA em Cristo Jesus ANTES DOS TEMPOS DOS SÉCULOS.” 2. Timóteo 1.8-9.
O livrinho era “Eleição” de Charles Spurgeon.
Notável que uma pregação (transcrita neste livro), feita numa manhã de domingo em 2 de setembro de 1855, ainda pode falar ao meu coração, mesmo anos depois de o pregador já ter morrido.
Nesta altura do “campeonato” eu já estava deliciado.
Tinha entendido e experimentado emocionalmente o impacto da Graça.
Tinha entendido que a Graça se dá pela Eleição imerecida por minha parte, e feita por Deus em tempos eternos.
Saber que Deus, antes da fundação do mundo, pensou em mim para salvação, dá vontade de gritar, sair correndo, respirar mais devagar, jogar tudo para o alto, e viver com uma nova perspectiva pois: a vida passa a fazer sentido. O vazio se vai. A alma se enche da sensação de se estar no lugar certo, na hora certa. Estou nas mãos de Deus, mesmo que aos olhos dos outros seja um medíocre qualquer, pouco importa…. Deus me elegeu antes da fundação do mundo para salvação. Ufa. Louvado seja Deus.
Passei a incomodar os meus conhecidos mais próximos, pregava eleição em tudo quanto é lugar, e de qualquer forma. Devo ter sido muito odiado naquela época.
Logo depois, outro livrinho caiu na minha mão, desta vez pelas mãos de um tio muito amigo meu.
Este livrinhos, acabaram com a minha vida de arminiano.
Nenhum deles tinha mais de 30 páginas, mas ao término da leitura eu era outro sempre.
Neste livro aprendi o “Evangelho Reformado” ou “Evangelho Calvinista”.
Li na primeira página do livro como criam os irmãos arminianos, nome este, apesar de ter nascido numa igreja evangélica, que eu nunca tinha ouvido. Arminius? Arminianos? Que era isto?
Prontamente identifiquei que o que eu cria como sendo a teologia correta, o que eu cria como sendo o evangelho de forma sistematizada, era o que estava rapidamente resumido naquela primeira folha.
O problema é que o autor dizia que este era um “novo evangelho” que não era de forma alguma “o antigo evangelho”, e que era um evangelho por se dizer assim “falso” ou misturado.
Como então? O que eu cria, estava errado?
Devorei o livro.
Foi o nocaute!
Conheci pela primeira vez os apelidados “cinco pontos do calvinismo”.
Tinha encontrado a “pérola” inestimável.
Tinha finalmente encontrado o tesouro.
Tinha finalmente entendido a mensagem do Evangelho.
O paradigma de ler a escritura sempre pela ótica do livro-arbítrio humano tinha ruído totalmente.
“Também o reino dos céus, é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.” Mateus 13.44
O livrinho era “Os Cinco Pontos do Calvinismo” de W. J. Seaton
Recomecei a ler a Bíblia como um todo.
Com lápis de cor em mãos.
Pintava Amarelo para os versículos que exaltavam a soberania de Deus.
Pintava Azul para os versículos que ainda não conseguia explicar pois aparentemente ressaltavam a responsabilidade do homem que na época eu lia como livre-arbítrio, e não como arbítrio somente, ou vontade somente.
Passei a buscar “livrinhos”, e outros livros vieram às minhas mãos, agora não mais por acaso. Meu tio descobriu e me recomendou um site maravilhoso só com autores reformados:
E destaco entre os melhores dentre os que eu li, os seguintes livros:
“Por quem Cristo morreu?” de John Owen, o melhor título de livro que já vi “em inglês” que traduzido literalmente ficaria sendo como “A morte da morte na morte de Cristo”.
“Os eleitos de Deus” de R. C. Sproul
“O autor do pecado” de Vicent Cheung
“A soberania banida” de R. K. McGregor Wright
Meus caros, minha vida não foi mais a mesma.
Do ponto de vista emocional da minha comunhão com Deus.
Do ponto de vista prático da vida cristã nas coisas mais simples.
Do ponto de vista teológico no entendimento das Escrituras.
Do ponto de vista evangelístico no sentido de pregação do Evangelho.
Por isso que eu “encho a paciência” de vocês e lhes mando estes e-mail´s reflexões, os quais depois passei a publicar neste blog.
Minha oração é que todos vocês sejam também nocauteados pelo impacto da pregação do Evangelho como ele realmente é.
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois É O PODER DE DEUS PARA SALVAÇÃO de todo aquele que crê…” Romanos 1.16
Poder de Deus, e não poder do homem, pois até para crermos precisamos que a Graça nos alcance antes, e só então creremos.