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Estudo da Carta aos Romanos – Capítulo 4

estudo-da-carta-aos-romanosI. Justificação é pela fé somente, e não pelas obras (v1-8)

Paulo inicia questionando: o que Abraão tinha conseguido segundo a carne, ou seja, pelos seus próprios méritos ou esforços??? Em Isaías 51:2, encontramos a resposta: “Ele foi chamado, abençoado e teve sua descendência multiplicada por Deus”. Mas, e a justificação?? Também foi uma conquista?

“Bem, se a justificação fosse uma conquista, ele poderia se orgulhar do que conseguiu – mas tenho a certeza de que não diante de Deus”. (v2). O teólogo João Calvino também comentou sobre isso e disse: “Se Abraão foi justificado por obras, então ele pode vangloriar-se em seu próprio mérito, porém não tem razão alguma de vangloriar-se na presença de Deus”.

Em outras palavras, se somos justificados por causa das nossas obras, então não precisamos de Deus nem de crer Nele. Mas, o que diz a Palavra de Deus sobre isso? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. (v3) Porque ele creu em Deus, ele foi aceito por Deus, ou seja, Abraão foi justificado pela fé em Deus.

Salário x Justificação

Por isso Paulo faz uma comparação entre salário e justificação. Ele argumenta que o salário de um trabalhador não é um favor, é uma dívida. Se o trabalhador não trabalha, então não pode receber o salário, pois não o merece!

Diferentemente do salário, a justificação é um favor, portanto não é uma dívida. Deus dá porque Ele quer, e não porque Ele está nos devendo alguma coisa. O desempregado não tem direito ao salário, da mesma forma que o ser humano não merece ser justificado, pois nada pode fazer para receber a justificação. Mas, ao crer em Jesus Cristo, o pecador é aceito imerecidamente diante de Deus.

A justificação é pela graça de Deus somente. Por isso, quem crê em Jesus deve ficar feliz por esse ato divino. Paulo complementa com a citação de Davi, mencionando que a imputação dessa justiça é uma bem-aventurança – felicidade (v6-8): “Assim também Davi declara feliz o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Felizes aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Feliz o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.”

Obs: Troquei a palavra bem-aventurado pela palavra feliz para que possamos ter uma noção melhor do texto.

II. O significado bíblico da circuncisão (v9-11)

Abraão creu e obedeceu a Deus, por isso Deus fez uma aliança com Abraão e a sua descendência. “Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós” (Gn 17:10,11). Para quem ainda não sabe, a circuncisão é um ato cirúrgico que consiste na remoção do prepúcio (prega cutânea que recobre a glande do pênis). Abraão recebeu a circuncisão como sinal que simbolizou e selou a fé que ele já possuía em Deus.

III. A benção da justificação é somente para os que são circuncidados? (v11-17)

Com certeza não. Abraão era incircunciso quando creu em Deus e mesmo assim foi justificado pela fé. Segundo o teólogo John Murray, Abraão foi justificado pela fé em Gn 15:6, e 14 anos depois foi instituída a circuncisão (Gn 17:10-13).

Teve um importante propósito para Abraão ser justificado pela fé antes de receber esse sinal da circuncisão. Encontramos no final do verso 11: Ele “recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada”.

Ou seja, Abraão é o pai espiritual de todos os que creem em Deus, circuncidados ou não. Todos que andarem nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão, serão filhos de Abraão pela fé. Esses também serão justificados pela fé.

a) E a promessa da multiplicação da sua descendência? Foi cumprida por causa do cumprimento da lei?

Não. Nessa época ainda não existia a lei. Somente no período de Moisés é que a lei foi dada. Mesmo assim, se os herdeiros fossem somente da lei, então a promessa seria cancelada e a fé anulada.

Por esse motivo o apóstolo Paulo faz questão de afirmar e lembrar que “a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.” (v13)

b) Então para que serve a lei?

“A lei traz o castigo de Deus. Mas, onde não existe lei, também não existe desobediência à lei. Portanto, a promessa de Deus depende da fé, a fim de que a promessa seja garantida como presente de Deus a todos os descendentes de Abraão. Ela não é somente para os que obedecem à lei, mas também para os que crêem em Deus como Abraão creu, pois ele é o pai espiritual de todos nós. Como dizem as Escrituras Sagradas: Eu fiz de você o pai de muitas nações. Assim a promessa depende de Deus, em quem Abraão creu, o Deus que ressuscita os mortos e faz com que exista o que não existia.” (v15-17)

O ser humano nasce morto em seus pecados, e somente é vivificado por Deus pela fé em Jesus Cristo. De pecadores merecedores da sua ira, nos tornamos pela graça, mediante a fé, pecadores aceitos por Deus e livres para sempre da condenação eterna! Nunca mais voltaremos para o mesmo estado de morte espiritual no qual nascemos!!! Glória a Deus!

IV. Vale a pena ter esperança mesmo quando não temos motivo? (v18-25)

“Abraão teve fé e esperança, mesmo quando não havia motivo para ter esperança, e por isso ele se tornou o pai de muitas nações. Como dizem as Escrituras: Os seus descendentes serão muitos.” (v18)

Ele não tinha motivos visíveis para crer. Ele tinha noventa e nove anos, sua esposa também era idosa, e não tinham mais idade para ter filhos. Mas, ele se manteve firme na promessa e continuou crendo, não duvidou. Ele estava plenamente convicto de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera (v19-21). Sigamos o exemplo de Abraão!! Ele tinha certeza de que a promessa tinha origem em Deus, e não nos seus desejos pessoais.

Cuidado! Existem muitas pessoas desiludidas porque estão confundindo seus próprios desejos como se fossem promessas de Deus.

V. Conclusão

A circuncisão foi um sinal da fé que Abraão tinha em Deus. “Esta é a fé que lhe foi computada para justiça. Ora, esse crédito da fé para justiça não foi registrado apenas em favor de Abraão, mas é um princípio divino que deve ser aplicado igualmente a nós. A fé também deve ser computada como justiça para nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus nosso Senhor, o qual foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitou para garantir nossa justificação.” (v22-25)

Quando nos arrependemos dos nossos pecados e cremos em Jesus, somos aceitos diante de Deus, ou seja, somos justificados pela fé em Cristo somente.

Notas:

1. Champlin, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Volume 3, p.613.
2. Bíblia VIVA/ARA/Linguagem de Hoje
3. Phillipis, J. B. Cartas para Hoje
4. Murray, John. Comentário Bíblico Fiel – ROMANOS

Fonte: Justificação pela Fé