“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”
(Judas 1:3)
Num cenário onde todos se julgam capazes de opinar, e onde os conceitos seculares passaram a usufruir de prestígio junto às religiões humanas (catolicismo romano, espiritismo, evangelicalismo e demais), o Cristianismo Bíblico precisa apresentar (reestabelecer) seus verdadeiros conceitos, sob pena de ser confundido com as demais.
Esta argumentação não apresenta abordagem da formação histórica do fundamentalismo, sobre o que se opunha, quais os benefícios ou malefícios advindos dele.
O propósito é apresentar o que realmente é fundamentalismo cristão.
O QUE É FUNDAMENTALISMO CRISTÃO?
Não podemos responder sem que antes passemos a conhecer alguns conceitos de acordo com sua etimologia, afastando-nos dos valores seculares.
Fundamentalismo, em síntese, é a defesa, com convicção, dos ensinos cristãos que foram estabelecidos ao longo da história. Ao longo da história implica em tradição, tradicionalismo.
Necessário é entender que tradicionalismo, contrário ao que o nosso raciocínio nos leva a pensar, não é aquilo que se estabeleceu apenas pela persistente conveniência de alguns, ou ainda pelo hábito religioso de outros à parte da história. Pelo contrário…
TRADICIONALISMO é tudo que se perpetrou ao longo da história da fé cristã por meio da aplicação de ensino claro das Escrituras, portanto, com fundamento na história.
Assim, o tradicional tem fundamento, que são as Sagradas Escrituras.
FUNDAMENTALISMO é acreditar, viver e defender as verdades apresentadas pelas Escrituras.
Outra caracterítica associada ao fundamentalismo é o radicalismo.
RADICALISMO significa ter raízes. Não significa brutalidade ou falta de educação. Adequando-o ao nosso contexto, significa ser maduro, convicto.
Fundamentalista é aquele que crê que toda verdade (espiritual) está apenas nas Escrituras, e que não é demovido desta convicção. Mas que, para defendê-la, não faz uso da força, ofensas, etc. Tampouco acredita que sua argumentação logrará êxito sem a intervenção de Deus.
Em seu radicalismo, entende, sem dificuldades, que todos os demais têm direito às suas convicções, mesmo que as saiba falsas, inóquas.
E A ESCRITURA COM SUAS MÚLTIPLAS INTERPRETAÇÕES?
Mas como podemos saber qual é a verdade se as Escrituras têm várias interpretações?
Este argumento é próprio de quem nunca leu as Sagradas Letras. Quando o ouço, percebo na frase uma auto confissão de ignorância do assunto. É, rigorosamente, falta de argumento. Desconheço a experiência de abrir a Palavra com os representantes da frase. Sempre se esquivam, adicionando outros assuntos, ou comentários, para depois baterem em retirada.
Havendo uma única verdade, a seletividade dos pares para desenvolver ações cooperativas é uma exigência. O seu traço particular está na rejeição de ações cooperativas com pessoas ou grupos que estabeleçam seus valores sem submissão à verdade.
Isto não implica em inimizade, ofensas ou confrontos desnecessários, apenas na não-cooperação. Ocorre na separação de grupos ou pessoas que defendem posições contrárias às Santas Letras.
Fundamentalismo não se estabelece por meio de lutas ou perseguições, mas, simplesmente, pela não-cooperação em projetos que implicam na negação dos valores fundamentais da fé cristã.
EXIGÊNCIA FUNDAMENTALISTA
Para que tais atitudes sejam empreendidas, exige-se maturidade e, com ela, responsabilidade. Ambas, maturidade e responsabilidade, advêm do conhecimento (convicção) da verdade. É uma evidência de fundamentalismo.
FALSIDADE FUNDAMENTALISTA
Os apóstatas procuram tirar de sobre si as suas marcas, e correm para esconderem-se sob qualquer perfil religioso. Assim, é comum observarmos pessoas (muitas vezes sinceras) que saem em defesa de posições pretensamente fundamentalistas:
• Defender (até com ardor) apenas prática litúrgica;
• Pertencer a uma “elite espiritual”;
• Pertencer a uma igreja;
• Ardor interior, mas sem convicções;
• Isolar-se (de forma soberba) por nunca achar seus pares.
Há perigos na proposta fundamentalista quando não tem seu correspondente espiritual. Aquilo que deveria ser uma conduta responsável, acadêmica e espiritual, passa a ser uma defesa partidária em torno de grupos ou de ideias pessoais.
Muitos fazem “seu próprio fundamentalismo”, que nada mais é que uma expressão partidária. Seus defensores, em grande número, são tolerantes e, não poucas vezes, co-participantes do pecado de seus pares.
Há outros que se agridem, defendem-se, acusam-se, separam-se e unem-se movidos por um ideal meramente humano, sem a devida observação da Palavra do Senhor.
É a esta prática que chamam falsamente de fundamentalismo. Aquilo que deveria ser a defesa radical (conhecimento e prática) dos valores fundamentais da fé cristã, perdeu-se em seu radicalismo, separou-se da verdade, ficou vazio, sem conhecimento, sem averiguação, sem fundamentos.
CONCLUSÃO
O fundamentalismo, segundo o mundo, é retrógrado, brutal e sem conhecimento. Praticá-lo implica em fazer parte de grupos a serem evitados.
Pergunto:
Como não defendê-lo com convicção (radical)? É uma forma de completarmos os sofrimentos do Senhor. É um privilégio dado pelo Senhor, nos permitir conhecê-lo, Sua verdade, e podermos vivê-la em mansidão.
É a pronta resposta para todo aquele que pedir a razão da esperança que há em nós. Sendo mandamento bíblico, devemos fazê-lo por meio de expressões espirituais: amor, longanimidade, benignidade, mansidão, domínio próprio.
Que o Senhor seja louvado.
A Ele honra, glória e louvor por toda eternidade.
Fonte: Através das Escrituras