“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”. (Judas 3)
Vivemos um tempo de total relativismo. Ninguém ousa afirmar a verdade. Tudo tem sido colocado no campo do relativo. As convicções pessoais são taxadas de obtusidade, retrocesso e etc.
Daí termos uma ética situacional, onde nossos comportamentos não são baseados na verdade existente ou valores absolutos, mas no momento vivido. Essa ética situacional tem transtornado os valores sociais, morais e espirituais. Dependendo da situação eu tenho um tipo de comportamento. Lembro-me que quando trabalhava em banco e dava um curso para formação gerencial, deparei-me com uma situação interessante. Falava sobre ética e uma gerente do sul do país disse: “O ditado não diz que a situação faz o ladrão?” Lembro-me da minha resposta: “A situação não faz o ladrão, ela revela o ladrão”. Ela quiz dizer que, dependendo do momento, vale certo tipo de comportamento. A situação dita as normas éticas.
Essa nova ética se impoe no Congresso Nacional, no meio policial, nos defensores públicos e privados, no meio dos esportes etc. Hoje a ética foi substituída pela estética. Não importa o conteúdo a ser transmitido desde que quem o transmita tenha uma bela estética, aparência ou imagem. Daí termos os apresentadores de programas, mesmo sem a menor capacitação cultural para tal, emitirem opiniões sobre todos os assuntos, pois o que vale é a estética.
Nesse momento a verdade foi banida para a privacidade do indivíduo. As convicções devem ser guardadas para si e raramente compartilhadas. Assim a fé foi alojada no íntimo e já não transforma como devia. Quando alguém tem uma posição firme em relação a algum assunto ou doutrina, não é visto com bons olhos. Dizem que tal pessoa é muito fechada e retrógrada. Isso tem levado a igreja de Jesus Cristo a um limbo doutrinário terrível. Os líderes não pregam mais doutrinas e esperam que os membros de suas igrejas sejam cristãos maduros. As falsas doutrinas permeiam o meio cristão e ninguém soa a trombeta de alerta. Enquanto dormem, o inimigo semeia o joio no meio do trigo.
O apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, encorajava os cristãos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Aqui no texto, fé não é sinônimo de crença, mas de doutrina. O encorajamento de Judas é para que batalhemos por um corpo doutrinário que nos foi entregue. Como discernir se um ensino é de Deus ou não, se a doutrina foi banida dos púlpitos? Como saber a procedência de algo sobrenatural se não temos a base doutrinária para avaliá-la? Muitos acham que doutrina é antônimo de espiritualidade. Doutrina e enchimento do Espírito Santo andam de mãos dadas, pois foi o mesmo Espírito Santo quem inspirou a Palavra. O Espírito Santo nunca fica aquém ou vai além da Palavra. Ele fica na Palavra.
Todo nosso comportamento advém de uma filosofia de vida. Se a nossa filosofia de vida não está embasada na Palavra, a queda será eminente.
As mega-igrejas, nesse assunto, têm prestado um desserviço ao Reino de Deus. Ao consagrarem ao ministério pastoral pessoas desqualificadas e despreparadas, inundam a seara do Mestre com o que há de pior e perpetuam os erros existentes. Têm tratado a consagração ao ministério pastoral como coisa de somenos importância. Pessoas que nunca sentaram em um banco de universidade ou mesmo de um seminário livre, de boa procedência, são consagradas a rodo e isso com toda pompa de espiritualidade. Tais “obreiros” assumem os púlpitos e pregam como se fossem donos da verdade, mesmo sem conhecerem nada da verdade. Como batalhar pela verdade se os que a tentam pregar desconhecem-na quase que por completo? Fico me perguntando como pode alguém ser consagrado ao ministério pastoral sem ter estudado antes? Como dizer que este alguém está pronto se nem ao menos conhece alguma coisa de teologia? Seria o mesmo que autorizarmos alguém a operar outro ser humano sem ter feito um curso de medicina. Seria o mesmo que autorizarmos alguém a construir um prédio sem ter feito engenharia.
Alguns ponderarão que tais consagrações se dão somente no âmbito igreja local para cuidado de parte do rebanho. Daí termos que perguntar: “Mas qual cuidado pastoral terão com o povo? Ao oferecer esse tipo de pastor não estaria tal igreja desprezando seus próprios rebanhos, ou tratando as pessoas que ali se reúnem como gado mesmo, animais irracionais e desprovidos de qualquer intelectualidade? Como aconselharão se desconhecem os princípios da psiquê? Como aplicarão a Palavra às vidas das pessoas se não sabem interpretá-la?
Como prova do que digo relato um fato estarrecedor acontecido em uma igreja aqui em Belo Horizonte que me foi repassado por um colega de ministério: “uma senhora, membro de uma grande igreja, procurou um dos pastores de lá. Tal pastor era especialista em “guerra espiritual e cura interior”. Esta senhora estava deprimida e tomando medicamentos e quando tal pastor soube disso falou: “Quem toma medicamentos para depressão por mais de dois anos fica possesso de demônios”. ” Tal senhora ficou aterrorizada e procurou este colega que me repassou tal fato. Ele se esforçou em convencê-la do contrário.
Por isso, termos as mais variadas formas de desequilíbrios emocionais dentro das igrejas. Temos todas as formas de fetiches espirituais. Sabonetes ungidos, vales de sal, pulseiras com dizeres extravagantes como: “Impossível, mas Deus pode”, outros dão a “chave da vitória”. Coisas da Idade Média. Tais líderes responderão diante do Pai. Prestarão contas a Deus dessas atrocidades. Privam os homens da graça de Deus e os encarceram em prisões mentais jogando a chave fora.
A única maneira de libertarmos as pessoas é pela Palavra no poder do Espírito Santo. Se isso não bastar, nada mais resolverá.
Que tenhamos a coragem de lutar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
Soli Deo Glória
Fonte: Ministério Força para Viver