Definitivamente abandonei o “poder” pentecostal porque todos os pentecostais são ensinados a buscar, clamar e reivindicar um “poder” que de maneira alguma é o poder de Deus. Ao contrário, é um “poder” vazio e sem resultados. Um “poder” que mexe somente com as emoções daqueles que são mais sensíveis e fracos, sem mexer com o mais fundamental: as suas vidas.
Por toda a Escritura e durante toda a história cristã dos verdadeiros reavivamentos (como o dos tempos de Jonathan Edwards, George Whitefield, John Wesley, Spurgeon, etc) sempre o resultado desses derramamentos de poder (genuíno) foi o arrependimento dos pecados e uma volta à Palavra de Deus. Curiosamente a geração que hoje reivindica passar por avivamento é uma geração apóstata, uma das gerações mais ignorantes acerca das Escrituras que já existiu; uma geração de “crentes” legalistas, facciosos, trambiqueiros, fariseus e sem uma vida piedosa. Como o Dr. Russell Shedd disse: “Somos 25 milhões de evangélicos no Brasil. Onde está o poder dessa multidão?” A resposta é clara: o Brasil ainda não passou por um verdadeiro avivamento, mas tem passado por diversos movimentos de emocionalismo e falsificações.
Rejeito o “poder” pentecostal porque ele carece de provas de genuinidade, não passando pelo crivo da experiência (pois não gera transformações), muito menos no das Escrituras. Em que os crentes pentecostais são melhores do que os ditos tradicionais? São as suas vidas mais piedosas? São mais consagrados? Pelo contrário, se fôssemos fazer comparações (e este não é o nosso objetivo), teríamos razões para crer no exato oposto, porque o maior índice de casos de adultérios e roubos são encontrados nas igrejas pentecostais e neo-pentecostais.
O mais interessante é que, visto que os sinais característicos de um verdadeiro avivamento estão ausentes das igrejas pentecostais, elas têm inventado substitutos para estes. Ao invés de arrependimento, vemos “línguas” (realmente estranhas!) por todos os lados. Ao invés de vida piedosa, vemos pessoas caindo no chão por um “poder” ainda mais estranho. Ao invés de uma volta à Palavra, vemos uma busca desenfreada por “novas revelações” e profecias mentirosas. Ao invés de amor, vemos divisão e facção (geralmente estas igrejas se consideram a mais santa de todas, ou melhor, a única!). Os contrastes alarmantes poderiam ser multiplicados ad infinitum.
O mais interessante é quando pessoas que dizem crer nas doutrinas da graça, ou seja, na salvação exclusivamente pela graça, começam a crer e propagar esse “poder”. Pessoas que dizem crer numa salvação pela graça, mas num reavivamento pelas obras. Pessoas que seguem o ensino de Calvino e seus seguidores na soteriologia, mas o de Pelágio, Finney e companhia no reavivamento. Ora, se tais manifestações ocorrem somente nestes recintos, eles são merecedores delas? Se nas igrejas reformadas (que sem dúvida são as mais fiéis no ensino da Palavra de Deus) não se manifesta tal “poder”, por que deveria ele se manifestar naquelas que mais e mais se distanciam da verdade? A resposta só poder ser: ou esse “poder” é meramente emocional ou ele é diabólico. Todas as bênçãos espirituais foram adquiridas por Cristo para TODOS que fazem parte do Seu povo. Paulo diz que Deus “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo” (Efésios 1:3). Dizer que alguns crentes não desfrutam das bênçãos que Cristo adquiriu ou que não desfrutam do “melhor da graça”, é simplesmente dizer que eles não são crentes!
E por último, e não menos importante, deixei o “poder” pentecostal porque ele é um “poder” dissociado da Palavra. Um “poder” que se manifesta justamente naquelas igrejas que não são totalmente fiéis às Escrituras e onde a pregação da Palavra está longe de ter um lugar proeminente. O poder que eu quero é o poder que nos transforma, que nos santifica e ajuda a viver mais perto de Deus. Não quero ter meus sentimentos estimulados, mas sim a minha vida transformada dia a dia pelo poder da Palavra de Deus, aplicada pelo Espírito Santo. E o poder santificador reside justamente na Palavra de Deus e não nas artimanhas dos homens. Jesus orou: “Santifica-os na verdade” (João 17:17). É a verdade que nos santifica e não os gritos, berros e “corridas” na igreja. Foi para isso que fomos chamados, para viver inteira e exclusivamente para Deus. Como bem expressa o Catecismo de Westminster: “o dever do homem é amar a Deus e glorificá-lo para sempre”. E não é emocionalismo que gerará isso, mas sim a pregação simples e pura da Palavra de Deus, na dependência do Espírito Santo.
Fonte: Monergismo