David Martyn Lloyd-Jones (1899 -1981) foi um teólogo protestante de origem galesa e linha calvinista, bastante influente na ala reformada do movimento evangélico britânico do século XX.
Por cerca de trinta anos atuou como ministro na Capela de Westminster, em Londres. Apaixonado pelo estudo da Palavra de Deus, Lloyd-Jones logo se notabilizou por suas pregações versículo por versículo, de todos os livros da Bíblia. Foi um grande opositor da teologia liberal, que havia se infiltrado em boa parte das denominações cristãs.
É autor de inúmeros livros e um dos idealizadores da Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos. Lloyd-Jones foi, sem dúvida, um dos maiores pregadores cristãos do século XX.
Nascido em Cardiff, Gales do Sul, em 20 de dezembro de 1899, gastou a maior parte da sua infância na rural Cardingshire, em Llangeitho. Em 1914 sua família se mudou para Londres e ele concluiu sua educação escolar na Escola de Gramática de St. Marylebone. Ingressou no Hospital de Bart com a idade de somente 16 anos. Ele foi bem sucedido em seus exames, mas, por ser tão jovem, teve que esperar para conseguir seu Mestrado (MD). Nessa ocasião, já estava no Harley Street como principal assistente clínico de Sir Thomas Horder, um dos melhores e mais famosos doutores da sua época. Ele vislumbrava um futuro brilhante e lucrativo como um destacado médico.
Então, algo aconteceu.
Lentamente, depois de uma profunda luta, sua mente e seu coração foram tomados pelo evangelho cristão. Ele compreendeu que muitos dos seus pacientes precisavam algo mais do que medicina comum e ele se entregou ao ministério cristão. Sua chegada em Aberavon com sua jovem noiva (Bethan Philips) em fevereiro de 1927 causou uma sensação e atraiu a atenção da imprensa.
Ele serviu à Igreja do Movimento Avançado Belém, em Sandfields, Abevaron, até janeiro de 1938, e viu um crescente número entre a classe trabalhadora do Sul de Gales convertido e transformado.
O evangélico com, talvez, o maior destaque nacional nos anos trinta era G. Campbell Morgan, ministro da Capela de Westminster. Quando ouviu Martyn Lloyd-Jones, ele quis tê-lo como colega e sucessor em 1938. Mas isso não era fácil, pois também havia uma proposta de que ele fosse indicado como Diretor da Faculdade Teológica em Bala; e o clamor do País de Gales e do treinamento de uma nova geração de ministros para o País de Gales era forte. Enfim, o chamado da Capela de Westminster prevaleceu e a família Lloyd-Jones foi para Londres em abril de 1939. Ele começou seu ministério lá, em caráter temporário, em setembro de 1938 — o mês da crise de Munique.
Na sua abordagem para o trabalho do púlpito, o Dr. Lloyd-Jones seguiu um método muito claro e distinto. Ele cria em se trabalhar firmemente através de um livro da Bíblia, tomando um verso ou uma parte de um verso por vez, mostrando o que ele ensinava, como aquilo se harmonizava com o ensino do assunto em outros partes da Bíblia, como o ensino todo era relevante para os problemas da nossa época e como o ensino todo se contrastava com os pontos de vista contemporâneos vigentes.
Ele se conservava retraído, como pano de fundo, e tentava mostrar para sua congregação a mente e a palavra de Deus, deixando que a mensagem da Bíblia falasse por si mesma. Sua pregação expositiva tinha como objetivo deixar que Deus falasse o mais diretamente possível ao homem que estava no banco para que ele sentisse o pleno peso da autoridade divina. Ele também procurava minimizar a intervenção do pregador e a diluição da mensagem direta e autoritativa pela intrusão e distração humana.
Seu estilo consistia de uma habilidosa diagnose clínica, analisando a perspectiva mundana, mostrando sua futilidade ao tratar do poder e da persistência do mal, e contrastando-a com a perspectiva cristã, sua lógica, seu realismo e seu poder. Ele tinha a habilidade de vestir sua análise clínica com uma linguagem viva e convincente, de tal maneira que ela ficava grudada na mente. Ele poderia falar duramente sobre as tolices do mundo e dar uma visão contrastante da sabedoria e do poder de Deus de uma tal maneira que provocava uma forte reação por parte da sua audiência. As pessoas se retiravam determinadas a nunca mais voltar; contudo, apesar de si mesmas, elas voltavam para os bancos no domingo seguinte até que, incapazes de continuar resistindo à mensagem, elas se tornavam cristãs.
Em 1943, Morgan aposentou-se, deixando Jones como único pastor da Capela de Westminster. Depois da guerra, a sua congregação cresceu rapidamente. Em 1947, as galerias foram abertas e de 1948 até 1968, quando ele se aposentou, a congregação tinha uma freqüência média de 1500 pessoas aos domingos pela manhã e 2000 à noite.
No começo da guerra o Dr. Lloyd-Jones tinha se tornado presidente das Uniões Evangélicas de Comunhão Universitária e estava profundamente envolvido em aconselhar e guiar seu fundador e secretário geral, Dr. Douglas Johnson. Juntos reuniram-se com líderes dos movimentos em outros países e formaram a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (aqui no Brasil conhecida como ABU – Aliança Bíblica Universitária).
Tanto os movimentos britânicos como internacional têm crescido grandemente e ambos devem uma boa parte ao Doutor, por sua influência formativa e por seu serviço por diversos períodos. Ele os encorajava a somar à sua piedade e evangelismo uma sólida estrutura de ensino doutrinário sadio.
O Doutor se tornou amigo e conselheiro de muitos. Na sua própria amada Gales, depois da guerra, ele encorajou um corpo de jovens ministros e seus trabalhos levaram ao surgimento do Movimento Evangélico de Gales. A Comunhão de Westminster de ministros era muito querida ao seu coração, como também era o trabalho do Concílio Evangélico Britânico, a Biblioteca Evangélica (na qual ele serviu como presidente), e a Conferência de Westminster. Ele também foi instrumento no estabelecimento do Seminário Teológico de Londres.
Logo no início de 1968, aos 68 anos, Dr. Lloyd-Jones se submeteu a uma operação e, apesar de ter se recuperado completamente, ele decidiu que o tempo de se aposentar tinha chegado, depois de 30 anos de Westminster.
O resultado mais duradouro dos seus anos restantes foi o tempo que ele teve para verter seus sermões na forma de livros. Ele já tinha publicado alguns pequenos livros tais como “Por que Deus Permite a Guerra?” e “Depressão Espiritual”. Os primeiros dos livros maiores foram os dois volumes dos “Estudos no Sermão do Monte”. Depois de 1968 ele começou a publicar duas séries, em Efésios e em Romanos, produzindo um ou dois livros por ano, principalmente através da Banner of Truth Trust.
Em 1979 a enfermidade voltou e ele teve de cancelar todos os compromissos até a primavera de 1980. Seu último sermão foi pregado em 08 de junho de 1980, na inauguração da nova capela em Barcombe, East Sussex. Ele morreu na madrugada de domingo de 01 de março de 1981, tendo dito para a sua família: “Não orem por cura, não tentem me impedir de ir para a glória”. Mil pessoas foram ao culto fúnebre em Newcastle Emlyn, em 06 de março. Um culto de ação de graças igualmente comovente e triunfante foi ministrado na capela de Westminster, em 06 de abril. Sua voz ainda fala poderosamente nos seus muitos livros expositivos e nas gravações agora acessíveis dos muitos dos seus principais sermões.
Com informações de Jornal Os Puritanos, Monergismo, Revista Ensinador Cristão, Wikipedia e Recordings Trust.